quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Deixa estar jacaré


Ouvi hoje um provérbio que fazia algum tempo que não ouvia.

“Deixa estar, jacaré, que a lagoa há de secar.”

Minha mãe costumava usá-lo quando se dava por vencida em algum perrengue. Às vezes o pronunciava sozinha em voz alta. Era muito divertido.
Vejam só como existem tantas maneiras de lidar com a raiva, com o desgosto e com a sensação de injustiça.
Para mim, é o mesmo que: "O mundo dá voltas" ou, "Aguarde a lei do retorno" ou ainda, "Aqui se faz, aqui se paga".
Todos eles demonstram um desejo de revanche ou vingança que, no momento, entende-se não ser possível levar a cabo.
É uma forma de apaziguar o coração detonado por alguma situação desagradável, humilhante e injusta.
Por isso penso que, provérbios deste tipo foram criados por alguém em alguma situação de desvantagem, de raiva intensa, mas que, sabiamente, entendeu que pioraria muito para seu lado se partisse para uma revanche.

Então: "Deixa estar, jacaré, que a lagoa há de secar".


E, de vamos "deixando estar" em vamos "deixando estar" seguimos guiando nosso trator, às vezes uma moto niveladora, de repente uma colheitadeira, talvez um compressor de asfalto, afinal, "não temos sangue de barata".

(VGP - may, 2018)

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