Oggi,
sessantaquattro anni!
Ficando mais velha hoje.
Nesta idade, o dia do aniversário já sinaliza que o problema vai
passando de "médio" para "quase grave", mas ainda falta um
pouco para o "muito grave", que é a senilidade total com suas
previstas consequências.
É fácil viver a vida como ela se apresenta para nós?
Não, não é!
Ainda que consigamos nos desfazer de todas as projeções, de
todas as fantasias e de todas as expectativas, abandonando de vez nossos
sapatos de criança, mesmo assim, o enfrentamento é sempre punk.
Mesmo para as personalidades mais afáveis, mais alegres, mais
inspiradoras - garanto, não sou nada disso! – a vida segue sendo uma labuta
constante.
A vida é a pior professora e a melhor também.
A melhor porque nos disponibiliza todos os aprendizados
possíveis, não guarda nada na manga para depois, não nos esconde nada.
É a pior porque as lições, o aprendizado e os resultados das
provas são concomitantes. Não temos direito a ensaios, treinos exaustivos ou
repetições de exercícios para nos aprimorar antes das apresentações ou exames
finais. A vida não está nem aí se já somos ou não maduros para aguentar o
tranco.
Simplesmente - Dane-se!
Se estiver vivo está sujeito a todo tipo de prova de resistência
de qualquer ordem, algumas vezes físicas outras vezes emocionais e outras
tantas vezes tudo junto e misturado.
O aprendizado é a própria apresentação e na maioria das vezes, por não querer errar, nos atropelamos e erramos feio.
O aprendizado é a própria apresentação e na maioria das vezes, por não querer errar, nos atropelamos e erramos feio.
A vida não dá chance e tempo para rascunhos, cada segundo é como
se fosse a última versão de uma tese de doutorado, já não cabe mais revisão e
deverá ser apresentada para uma banca avaliadora demasiadamente crítica e
severa.
A constatação mais triste é quanto cai a ficha que os
especialistas e técnicos, que nos julgam ou avaliam nossa tese, não são lá tão
especialistas ou técnicos como se denominam, ao contrário, podem ser amargos,
infelizes e estão, como todos nós, em busca de respostas cujas perguntas nem
sabem bem quais são.
Se a vida está passando depressa para mim?
Sim e não.
Queria fazer mais daquilo que já não consigo fazer, e estou de
saco cheio de fazer muito do que consigo e não quero mais fazer.
É um tal de “ mais um dia” e em seguida “um dia a menos”, numa
contagem quase que "ciclotímica", muitas vezes angustiante pela
rapidez com que os dias se vão e outras aliviante, especialmente pela rapidez
com que o dia se foi.
Ora quero mais tempo para ter tempo. Ora ter tempo é perder
tempo.
Bora lá, esperar e ver o que este ano com seus meses, semanas,
dias, horas, minutos e segundos me disponibilizará.
Quantos dias passarão rápidos demais e quantos teimosamente insistirão em ficar mais alguns minutos, será?
Quantos dias passarão rápidos demais e quantos teimosamente insistirão em ficar mais alguns minutos, será?
Como disse o poeta Rilke :
“Seja paciente em relação a tudo aquilo
que não está resolvido em seu coração e... tente amar as próprias questões como
quartos trancados e como livros escritos numa língua muito estranha. Não
procure pelas respostas, que não podem lhe ser dadas porque você não seria
capaz de vivê-las. E o ponto é viver tudo. Viver as questões agora. Talvez
então você, pouco a pouco, sem perceber, comece a viver na direção de um dia
distante, onde estarão as respostas."
(Rilke em Letters to a Young Poet)
Feliz 23 de Outubro de
2019!
Que hoje eu tenha um lindo dia de trabalho
pela frente. Espero que seja um daqueles
dias que uns minutinhos a mais seriam bem vindos.