"Complexos são constelações
específicas de lembranças de experiências e fantasias condensadas, ordenadas em
torno de um temo básico semelhante e carregadas com uma forte emoção da mesma
qualidade. Quando, na vida, se toa nesse
tema ou nos afetos correspondentes, nos reagimos de maneira complexada, ou
seja, enxergamos e interpretamos a situação no sentido do complexo, tornamo-nos
“emocionais” e defendemo-nos de modo estereotipado, como já o fizemos sempre. No âmbito das relações, isto significa que a
compreensão mútua é inicialmente interrompida em tal situação. Os complexos se tornam evidentes em nosso
viver e agir, mas também se manifestam em símbolos, acentuando-se, então, o
núcleo desses complexos voltado para o futuro.
Segundo Jung, os complexos têm um núcleo arquetípico, ou seja, eles se
formam no ponto em que se aborda algo indispensável à vida.
Complexos são núcleos afetivos da
personalidade, provocados por um embate doloroso ou significativo do indivíduo
com uma demanda ou um acontecimento no meio ambiente, acontecimento para o qual
ele não etá preparado. Torna-se claro,
com essa descrição, que os complexos surgem da interação do bebê, da criança
com as pessoas de seu relacionamento. E
a primeira infância é naturalmente uma situação marcante especialmente sensível
par ao surgimento dos complexos; contudo, os complexos podem surgir a qualquer
momento, enquanto vivemos.
Nessa descrição do surgimento de
um complexo, Jung tinha em vista o complexo que causará dificuldades ao
indivíduo. Trata-se aqui, naturalmente, do complexo que mais preocupa as
pessoas. Mas também devemos pensar que
todas as interações significativas entre a criança e as pessoas de seu
relacionamento, todas as interações entre os seres humanos podem se tornar
complexadas. Portanto, estão retratadas
nos complexos as interações de relacionamento problemáticas e marcantes, como
também, deste modo, as histórias de relacionamento de nossa infância e de nossa
vida posterior juntamente com as emoções correspondentes, com as formas de
defesa dessas emoções e as expectativas daí provenientes sobre como deve ser a
vida, por exemplo.
Uma interação difícil ou
portadora de significado entre duas pessoas, em que emoções entram em jogo,
instala portanto um complexo. Todo
evento semelhante é então, interpretado de acordo com esse complexo, além de reforça-lo. Ou seja, as pessoas aprendem que determinadas
situações estão sempre ocorrendo, acompanhadas de emoções sempre iguais. Nos complexos são retratados episódios de
nossa vida que se distinguem por uma emocionalidade especial."
(Verena Kast – Pais e Filhas – Mães e Filhos).
June, 02, 2020 - Vanilde G Portillo