sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Ansiedade, um problema atual


Ansiedade, um problema atual.

A era moderna é a “era da ansiedade” argumentam alguns estudiosos.
O aumento no índice de ansiedade nos últimos anos é alarmante sendo maior do que a depressão hoje em dia, porém esta recebe mais atenção.
A ansiedade não é apenas estar apreensivo com algo que espera acontecer, mas sim um grave transtorno mental que afeta a vida do indivíduo alterando de forma drástica seu ritmo.
O indivíduo que sofre de ansiedade, normalmente, tem grande dificuldade para desenvolver adequadamente suas funções no trabalho, tem prejuízo nos estudos e na vida social.  E, não é incomum apresentar um quadro depressivo concomitantemente, agravando ainda mais as condições de vida.
Segundo pesquisas, a ansiedade tem aumentado muito nos últimos 50 anos e apontam para índices alarmantes, pois atinge qualquer pessoa, inclusive crianças.
A evolução do conforto material e da segurança dos últimos anos, não foi suficiente para que as pessoas estreitassem laços, ao contrário,  indicam para uma espécie de “desconexão social” com laços menos estáveis e menos duradouros. Laços instáveis causam insegurança quanto ao futuro.
O fato de a ansiedade ter aumentado consideravelmente nas últimas décadas, é merecida a devida atenção, e a busca de tratamentos eficazes é urgente. Para tanto, é necessário também, o entendimento do significado das respostas físicas apresentadas nos quadros de ansiedade patológica.
Os transtornos de ansiedade também estão associados a outros problemas de saúde, como problemas cardíacos, hipertensão, desconforto gastrointestinal, doenças respiratórias, diabetes, asma, artrite, problemas de pele, fadiga, entre outras, incluindo a tendência a fazer uso de substâncias como o álcool.

A ansiedade patológica tem sido alvo de estudos nos últimos anos, pois, além de causar sofrimento individual e para a família, acarreta, também, danos para a sociedade com gastos em tratamento, hospitalização, afastamento do trabalho afetando-a como um todo.
Os prejuízos passam a ser, não apenas individual, mas sim coletivo, tornou-se um problema de saúde pública. E, assim os governantes, gestores são obrigados a injetar mais recursos nas áreas assistenciais e de saúde. O índice de pessoas com transtornos ansiosos cresce constantemente. Diariamente há casos de  pessoas sendo afastadas do trabalho e  tornando-se dependentes por incapacidade  causada por diferentes transtornos ansiosos.
A ansiedade patológica, é hoje em dia, um grave problema de saúde mental mundial, portanto, é momento de reavaliarmos como estamos lidando com nossas vidas, quais recursos possuímos para lidar com a demanda  atual e quais condições temos para enfrentar os problemas que nos afetam diariamente. 
Os transtornos ansiosos são incapacitantes e levam muitas pessoas ao suicídio, mas são, muitas vezes, negligenciados ou mal diagnosticado. 
(VGP - August 17, 2018)

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Medo ou Ansiedade?



Medo ou ansiedade?


“O medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto que a ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Obviamente esses dois estados se sobrepõem, mas também se diferenciam, com o medo sendo com mais frequência associado a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, necessária para luta ou fuga, pensamentos de perigo imediato e comportamentos de fuga, e a ansiedade sendo mais frequentemente associada à tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela e esquiva. Às vezes, o nível de medo ou ansiedade é reduzido por comportamentos constantes de esquiva.” (DSM-V, 2013, p. 230)

Embora o medo e ansiedade possuam manifestações semelhantes, ou seja, os mesmos sintomas físicos são percebidos tanto em situações de medo como de ansiedade, os dois termos não devem ser considerados sinônimos. 
O que difere o medo da ansiedade é que o primeiro consiste na reação física e emocional mediante uma situação externa de perigo real reconhecidamente como tal, pela maioria das pessoas.  Na ansiedade, embora a reação seja semelhante ao medo não há um fato real que seja considerado perigoso pela maioria. A pessoa que sofre com os transtornos de ansiedade considera perigosas determinadas situações as quais, na realidade, não oferece nenhum perigo. Havendo um pensamento ou ideia sobre uma situação sentida como perigosa para aquela pessoa, será o suficiente para que se manifestem os sintomas desagradáveis.

A ansiedade é, portanto, um estado subjetivo e desconfortável cujo motivo é desconhecido. Já o medo ocorre quando há uma origem identificável.
Tanto o medo quanto à ansiedade são entendidos como uma reação útil na medida em que salva nossas vidas, nos protege de perigos e riscos desnecessários.
A ansiedade e o medo são heranças biológicas importantes em nossas vidas, faz parte da natureza humana, pois foram fatores responsáveis pelo desenvolvimento e perpetuação da espécie. A preocupação com os perigos e sua prevenção, na época de nossos ancestrais, contribuíram para a evolução do ser humano. A necessidade de prevenir como proteção faz parte do nosso psiquismo até hoje. 
Embora não vivemos mais como nossos ancestrais e os medos não serem mais adaptativos, os carregamos instintivamente.  Fazem parte de nossa estrutura biológica e psíquica e reagimos de maneira igual diante do que imaginamos ser um perigo.
Se entendermos que algo não é seguro, reagiremos dentro das regras antigas que nos salvaram em épocas remotas, pois estamos programados para agir desta maneira.
 Não avaliamos a real necessidade de tal reação hoje em dia e, é provável que nossa reação seja desproporcional ao evento ocorrido.
Atualmente adaptamo-nos e nos preparamos para enfrentar as adversidades climáticas, nossas casas são mais seguras e confortáveis do que os abrigos de nossos antepassados.  Vivemos mais, pois não necessitamos correr riscos para conseguirmos alimentos como antigamente, não precisamos sair para caçar e enfrentar animais ferozes, entre outras dificuldades que havia na época de nossos ancestrais.  O desenvolvimento social e científico conseguiu resolver problemas básicos de saúde.
Então, a quais situações de perigo estamos reagindo atualmente?
Apesar de todo conforto atual, os estudos indicam que a ansiedade está aumentando e afeta também as crianças que, como consequência altera o ritmo adequado do desenvolvimento.
Podemos sugerir, então que o próprio desenvolvimento tem contribuído para o aumento da ansiedade, na medida em que somos mais exigidos socialmente.  Houve mudanças, ao longo do tempo com relação à maneira como nos relacionamos um com outro e com a sociedade como um todo, acarretando instabilidades antes não existentes.
Estatísticas mostram que, atualmente, cada vez mais pessoas vivem sozinhas sem contar com o apoio familiar (BIP, 2015, p.2). Adolescentes, e até mesmo crianças, são incentivadas a buscarem seus próprios caminhos, porém, a maioria deles, sem apoio adequado.  Os idosos, por sua vez, por estarem vivendo mais acabam ficando sós uma vez que os filhos, devido à vida atribulada de hoje, não tem mais tempo ou paciência para dedicar-lhes atenção necessária. 
Sim, há na sociedade moderna fatores que contribuem com a sensação de instabilidade e insegurança do ser humano, no entanto, a maneira como reagimos a estas demandas são incompatíveis ou desadaptadas. Nosso modo de defesa é incompatível com nosso atual estilo de vida.  Hoje os perigos são muito diferentes daqueles que existiam nos tempos antigos, no entanto ainda conservamos a mesma maneira de defesa que, além de não provocar um resultado positivo, ao contrário, provoca uma situação de desadaptação do próprio sujeito. O mundo passa a ser, cada vez mais, entendido como inseguro e instável.
Toda ansiedade, cuja manifestação apresenta-se desadaptativa, não prestando ao seu papel original, isto é, que está a serviço de um comportamento inadequado, merece ser tratada.
(VGP – August 16, 2018)

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

O Corpo na Crise de Ansiedade


Fisiologia da Ansiedade
 
Durante o período ou crise de ansiedade o organismo se comporta de modo que atenda as necessidades instintivas protetivas formatadas desde a mais tenra infância da humanidade. Assim, algumas características são comuns no instante em que a ansiedade está presente, são elas:
-As pupilas se dilatam, para poder ver melhor no geral, perde-se, no entanto, a percepção dos detalhes.  Esta propriedade manteve-se como recurso necessário para a evolução da espécie. No início, possibilitava ao ser humano identificar predadores em uma caverna escura, por exemplo, como também perceber rotas de fuga.
-Há aceleração dos batimentos cardíacos - taquicardia - com o objetivo de melhor irrigar os músculos, favorecendo um melhor desempenho, já que os mesmos trabalham intensamente na reação de luta e fuga.
-A palidez na pele e a baixa temperatura nas extremidades indicam pouca circulação nesses órgãos, já que há aumento da circulação sanguínea nos grandes músculos diminui o sangue nas extremidades como mãos, pés e pele tornando-os, também, gelados.
-A respiração curta e ofegante para atender o ritmo cardíaco acelerado que exige maior oxigenação na circulação. Quando a respiração é rápida há sensação de falta de ar, sufocamento, engasgos e fortes dores no peito.

-Tonturas, visão borrada, confusão, fuga da realidade, sensações de frio e calor, pois há menor quantidade de sangue disponível no cérebro.
-A transpiração aumenta com o objetivo de resfriar o corpo já que há um aumento do metabolismo como um todo.
 -Menor atividade do sistema digestivo, também está presente, que pode causar náuseas, sensação de peso no estômago, constipação ou diarreia.
-Dores pelo corpo causadas pela tensão acentuada.                                               
-Dificuldade em manter o foco, pois a pessoa encontra-se em estado de alerta para qualquer ameaça.  Atento a tudo a sua volta perde a concentração, distrai-se facilmente e pode apresentar problemas de memória.
-Perda da precisão de movimentos uma vez que as vias neurais estão voltadas para o sistema de luta e fuga, comprometendo os impulsos precisos que compõem o movimento coordenado.
-Exaustão física e psíquica, com o aumento do metabolismo em geral há grande perda de energia, como consequência ocorre um cansaço e desgaste físico.
-Durante um ataque de ansiedade o corpo entra em modo de proteção e alerta (luta ou fuga),  que leva a um aumento de adrenalina, que por sua vez, leva a um aumento dos batimentos cardíacos (Taquicardia) e a uma respiração rápida (hiperventilação).
 E assim está criada a base de uma crise de ansiedade, a partir daí podem surgir outros sintomas.
(VGP - August 05, 2018)

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Carta ao Ex Namorado




Eu amei muito você.

Nosso tempo juntos foi longo para os padrões atuais e curto demais para os mais antigos.
Você foi meu primeiro amor e você sabe bem o que isso significa, não é mesmo? Afinal você já havia tido essa deliciosa experiência, não comigo.
Quando eu pensava em uma possível separação após uma briguinha, ficava sem ar, não conseguia respirar de tanto medo de te perder.
Não conseguia me ver sem você.
Você era meu tudo.
Quando enfim, você se foi para sempre, fiquei realmente perdida e sem rumo.
Demorei meses para entender que você não voltaria mais.
No início entrei em negação e acordava no meio da noite como quem acorda no meio de um pesadelo. Por alguns segundos respirava aliviada porque pensava que fora mesmo um pesadelo, mas não, rapidamente vinha a lucidez e me jogava dentro de um pesadelo real, vivo e assustador.
Por meses perturbei o sono e a tranquilidade das pessoas queridas próximas, que não hesitaram em me acolher.  Mudaram suas rotinas e seus compromissos  para me abraçar e secar minhas lágrimas.
Procurei-te, implorei, mais do que uma vez, duas, três, perdi a conta de quantas vezes me humilhei.
Fui rejeitada das mais odiosas formas possíveis.  Fui dispensada como um lixo que não se recicla.  Ainda assim, naqueles meses, voltaria para você sem pestanejar, mas você não me deu oportunidade, apenas me rejeitou, virou rapidamente a página e trocou de livro com a mesma velocidade com que me desprezou.

Hoje, estou refeita, adorando minha solteirice.
 Com a ajuda das pessoas que realmente me amam não me envolvi com ninguém enquanto chorava por você, não estava pronta e não era justo com o Outro.   Precisava me achar novamente, precisava me reencontrar, pois havia me perdido de mim mesma há muito tempo.
Não me perdi com sua perda, já havia me perdido em você durante nosso relacionamento.  Há algum tempo não sabia mais quem eu era, pois não havia espaço para mim no nosso relacionamento.   Era somente você, seus desejos, seus quereres, seus amigos.
Não, não estou te culpando por isso não, eu sei que ceder aos seus caprichos e me anular foi acontecendo lentamente, eu não conseguia perceber e nem me perceber.
O que importava para mim era estar com você.
Meus queridos te amaram junto comigo e sofreram duplamente, por mim, pela minha dor e pela dor deles mesmos.
Quando desisti de lutar por você não foi por escolha não, foi porque não havia mais forças. O corpo, a mente, o coração desistiram por mim.
Sim, hoje estou inteira e reconheço meus erros o suficiente para entender que não justificam tamanho desprezo de sua parte.
Este processo de aceitação e reconhecimento dos erros foi muito importante para mim, foi libertador.
Não foram meus “erros” que te mandaram embora, e sim o DESAMOR que você sentia por mim.
Foi dolorido aceitar isso também, mas foi necessário e reparador.
Hoje posso te dizer, sem medo de cair no exagero, que te acolhi e te aguentei em momentos bem difíceis, não é mesmo? 
Isso só me engrandece, sabia?
De você não quero absolutamente nada, nem mesmo reconhecimento.  Isso já não faz mais diferença para mim.
Aprendi também que não devo jamais insistir num namoro onde não se construiu uma história, ou quando apenas eu a tenha construída.
Confesso que não te esqueci, claro, isso jamais irá acontecer você fez parte da minha vida e uma parte importante, apenas te tirei da minha área de trabalho, está num arquivo de difícil acesso, o qual precisa de esforço para resgatar e, como não há motivos para isso, ficará lá e lá adormecerá eternamente.
A certeza de hoje é que  “Sou mais eu e dou empate”, posso ser muito feliz comigo mesma.
Adeus

(VGP - August 14, 2018)